A nova e cruel Amélia.
Estava ela toda displicente, o tempo a levava facilmente nos ares não tão limpos e respiráveis, já contavam muitos anos que se fora sua beleza.
Nas jovens marcas senis estavam cravadas as recordações de passagens confusas, amores revoltos e dias de solidão. Agora já nada mais a incomodava...
Como poderia reviver tais apelos, ali poderia apenas repousar suas insatisfações, nenhuma preocupação rebelaria seu intuito presente. Clichê assumido: Suicídio!
A lentidão dos ponteiros era agora novidade, já que sempre as horas passavam tão depressa carregando a vida para ignoradas esperas, longas esperas, atuais esperas. Não se resolveram seus dilemas, a casca continuou dura, as lágrimas não caiam como antes.
Num dia assim nem o mais terno dos silêncios removeriam suas constantes ideias alienatórias, assim como na fala de Amélia, " A nódoa que uma vez a polui é eterna; nem todas as lágrimas, nem todo o sangue a podem lavar", então o melhor remédio é o descanso da mente.
Ela não acreditava em Deus, lera as palavras ditas serem ditas por ele, não as convenceram, então agora o inferno seria apenas uma doce ironia. Os meios aqui não revelados, mas um corpo que antes fora vital e desejado, agora dorme numa eterna insensibilidade, brevemente corroído pela terra; terra dela, minha, e dessa incompreensível sociedade.
Cristiane Felipe.
Inspirado na peça de Pinheiro Guimarães(1832-1877), A História de uma moça rica.
"então agora o inferno seria apenas uma doce ironia"
ResponderExcluir- há um tom tragicômico, se me permite. Gostei.
Bardo você pode falar o que quiser que eu escuto...
ResponderExcluirObrigada
Vou fazer 50 anos, pode-se dizer
ResponderExcluirum sobrevivente, porque pulei, e pulo
por sobre mesas 'pseudos divinas', esgano
'pretensos deuses' de armani, e mais além
encontro inóspitos fundos de quintais, onde
acorrentados junto a 28 que late
e um só que morde, radiantes criaturas, essas
sim, vítimas desta "incompreensível", que, oh
"proposta indecente", pinta 7 portas de saída
e escreve encima palavras, metáforas 'virais':
SAGRADO
TRIBAL
FAMA
INFÂMIA
RIQUEZA
ESPIRITUALIDADE
EXPERIÊNCIAS
E cobra ingressos variados, conforme
o gosto da clientela, que quer fugir
ao insaciável apelo da atualidade...
Cris, esta foto ficou muito muito bela
Muito bonito, Cris, gostei!
ResponderExcluirBjs