Crônica do calor, sintoma do fim, e um dente


O sol se aproxima! Dizem os tolos. Sinais apocalípticos, atrasado em muito está esse fim do mundo, acaba que se torna necessário desejá-lo.
Não é pelo calor em si, mas pela cor que fica mais luminosa, a visão sofre, o suor não deixa que a base que esconde os defeitos da pele balzaquiana fique firme em seu lugar. É cheiro, é gosto, e a dor no corpo, chega às vezes à alma, ou pseudoquestão analisável racionalmente.
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E lá vão os livros sob os braços, dizendo que as profecias não mentem, que a água já dizimou os habitantes da terra, mas não mencionaram que os asiáticos e aborígenes australianos não beberam dessa água. As contradições que são tão claras, soam como veneno, e nesse veneno vou resguardando um suposto e frágil talento.
Nesses últimos dias, as frases mais ditas têm calor no meio, tem a dúvida, o medo da anormalidade, quem sabe se vai ser assim para sempre, será que não viveremos mais sem o ar-condicionado? “Isso tudo é culpa desse tempo”, até para os resfriados normais, e não poesia que rebente numa paisagem assim. Até a crônica fica meio “gracilianada”, com a secura na boca, e o cachorro sedento e abandonado na rua, nas ruas e dores de muitas esquinas.
E pra falar cronicamente, acho que vou perder um dente, na sucessão de erros que claramente não são de outros além de meus. Penso que a procrastinação seja uma peste, eu padeço nessa causa incipiente. Porém, vão-se os dentes fica a boca... e os olhares do marido perdidos no meio da rua. São os anos, são os tempos de apocalipse, ninguém se entende, é falta de deus.
O que faria Nietzsche com uma alvorada tão crucial de amantes da palavra? São tantas vertentes novas diria ele, “estou mais confuso”? Por que agora os cristãos que queimavam homossexuais, os têm ao lado, em cima e embaixo? Seriam tempos de pacificação, ou o mal religioso esquentou à luz dos raios mais radioativos do sol? Isso falo pensando nele.
Pra terminar fazendo jus à tese, o calor irritante vai continuar, com ele todos os velhos ditados, e a onda passará daqui a alguns anos, talvez. E quando tudo estiver normal, não será visto como normal, dirão: Oh, que frio glacial! É o fim dos tempos, e as previsões já estarão no quarto milênio.
Eu passarei, você, hipotético interlocutor, que, se milagrosamente não estiver cansado por ter lido esse pequeno acumulado de lorotas céticas, também passará. O calor, o frio, a chuva e a seca, elas passarão, se transformarão, e a terra continuará, até uma próxima explosão. E se depende da vontade de alguém? Não sei. Você, que provavelmente faz parte da parcela esmagadora de ovelhas, certamente dirá: só quem sabe é deus. E não discutiremos mais.


Comentários

  1. Ah Garota... o tino do seu pensamento é ótimo!!

    É uma pena que a dissonância cognitiva das "ovelhas" as impeçam de te compreender...
    É possível até que seus "desperdiçados talentos" seja fruto disto: do fauno lunar que te cerca.

    ♪ Moro no pais tropical abençoado por Deus e climatizado pelo CAPETA + que beleza ♪

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  2. É um belo pensamento, gostei da forma que escreves
    o calor realmente está aumentando e será que é obra de alguém?
    Podemos discutir varios anos, e a unica certeza que temos
    é que a terra continuará aqui, talvez nós é que não.
    Ela é mais resistente que nós.
    Gostei do seu blog
    Dan

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  3. Obrigada Daniel.
    Pensar sobre esses problemas e questões difíceis de serem interpretadas, na minha opinião, é o que move a humanidade para a resolução dos mesmos.
    Pensar é tudo!

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  4. Olá Cristiane, suas percepções nos impressionaram, chamamos isso de consciência do ser cósmico, pois entendemos que somos centelhas de uma criação que fez esse "todo" que participamos em ascensão. São 100 milhões de galáxias registradas fotográficamente pelos cientistas, as maiores tendo até 3 trilhões de estrelas, uma mecânica perfeita, ainda temos muito e muito para descobrir de nós mesmos. Parabenizamos vc por seu conteúdo e por seus pensamentos, já estamos seguindo o seu blog.

    Ghos e Bindi

    http://esquinadosversos.blogspot.com

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    Respostas
    1. Agradeço a atenção de vocês. Temos que refletir sobre essa imensidão que nos cerca, sem querermos ser sempre o centro dela!
      Seguirei.

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  5. Corretamente minha doce amiga,
    pensar sobre estes problemas movem o mundo, temos
    que ter uma particular atenção principalmente com o que a natureza
    nos oferece. Pena dos homens, que não valorizam quase nada

    Abraços
    Dan

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