Restos de pessoas, coisas e amores

Quem nunca bebeu, sorveu, comeu, sentimentos e pele e partes de quem ama...
No café vai a perda ínfima da pele esquecida.
No feijão o sopro do hálito que cansado nutre,
No pão, o suor e a rotina antiga.
Nos restos dos copos d´água, nos vinhos bicados e naquela deliciosa lambida.
Somos outros tantos, outros desconhecidos, uns nem tanto.
Às vezes lembramos que somos o resto da estrela que morreu há bilhões de anos,
Em outras vezes ignoramos a essência e nos inflamos do desejo de sermos deuses.
Sou o gene antigo de um pobre abandonado, de uma dama sonhadora, de um rico abençoado.
És a sobra da saliva, és o pó da mobília, és tudo e nada...
Somos e engolimos quem amamos, damos de nós no nascimento, na cama e na morte.
Uma mistura inexplicável de sensações e impressões, de dias nublados com dor e dúvida.
A felicidade é tão capciosa que frequentemente se aproxima e nos gela, afastamo-la.
Nessa mistura
de carnes e unhas, de sopros e bactérias, somos um só, e permaneceremos aqui
Mortos e vivos, amados e esquecidos, flutuando como poeira de universo.

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