O amor não desiste

Quantos "vocês" passaram? Em cada carro, em cada som das batidas do vento no portão, cada latido que denuncia chegadas...
Em quantas noites sonhando acordada te tive em meus braços? Nos lábios, sob as cobertas, com a janela e a porta fechadas.
Por quantos vazios minha esperança cresceu? Linhas escritas, sorrisos antigos, promessas esquecidas.
Não há mais medo da morte, certo impulso a persegue, exatos elos a ignoram.
Por dias e dias a angústia é a mesma, as decisões que parecem incorruptíveis também se dissolvem, como aquelas palavras doces que perfumaram noites alcoólicas.
Não vejo mais razão, ainda que eu tenha várias delas para acreditar que não devo ir à chuva com as palavras que restaram; entretanto fui abandonada à sorte, por muito menos teria eu ido à lua se lá estivesse, para sua felicidade, um passaporte.

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