Falta ar e sopra reclamar

São tantas letras pra usar e palavras pra tentar mostrar
E em dias de chuva parece que vai tudo melhorar
Mas o que tem que melhorar? Já não sei mais 
Se não há razão clara, deixo espalhados meus ais

E de tantos doeres tenho medo de não levantar 
Uma palavra soa hipócrita em meus ombros a cantar
Chãos em que dei passos, sonhos e dores iguais
Quem é essa que fala aqui, agem são pesos tão fatais

Na tarde foi o corpo em leito que já era pra despertar
Nos olhos alheios não posso penetrar e encontrar
Respostas que talvez pudessem curar, são só sais

Sais que temperam pratos escassos de se saciar 
Mistérios que podem ser criados na ânsia de gritar
Venho a crer, sem crer, que felizes são os normais.

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