O irmão de passageiro

Converso com meu irmão e refletimos, "como mudamos e como a vida mudou"! na mesma avenida em que passávamos todos os dias, já não temos as mesmas risadas, companhias, rotinas, perspetivas, vozes. completamente diferentes e ainda os mesmos, porque o amor nos une sob as tempestades que partem os roteiros e levam vidas e desmontam castelos. Tão surreal o hoje. Mas ainda lidamos com tudo. A vida fez o que quis com a gente, mas ainda podemos fazer algo que queremos com ela. Partindo de inícios nunca imaginados, sobre rodas antigas e cenários parecidos, voltamos a casa de nosso aconchego, pais e travesseiro. As minhas lágrimas não me afogaram, à deriva estive, o farol conhecido foi abrigo ligeiro. E sorrimos ao lembrar, com saudade, angústia talvez. Vai-se o mês, adultos chegam aos bancos em que crianças buscavam segurança no inabalável. Fomos abalados. E ainda remamos.

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