Conversa com o infinito

Fica na mente, dilacera o sólido deus de si mesmo na vasta interrogação, corrói o sangue e seu ferro, deixa vazia a garrafa da afeição.
Todo o desgostar e não querer olhar, os recados pela casa, o café quente e o beijo negados, que num átimo de vida toda escorregam para um rio de egoísmo e falta de compaixão.
Ingratidão? Aos olhos de quem arrumou o lençol, de quem fez do seu teto um lar sereno, desistiu de prazeres efêmeros, prendeu-se num manicômio para achar saída e voltar para o perdão. 
Nunca será lembrança fria, jamais guardadas as memórias numa gaveta velha em que puseste minha companhia. 
Como ser nada para alguém com quem se sonhava ter toda uma vida? Como apagar todos os tijolos desta parede para qual olho ao dormir e quando levanto num novo dia?
Não é fácil lidar com as vozes que ficaram, seu corpo no meu em frios e eternidades.
Diga que não é Verdade! Sonhei que te abraçava e em todo meu mundo isso era o que trazia coragem. 
Peço, destino, traga-me um cálice de retorno, uma faísca de justiça, uma palavra que não seja agressiva. Traga-me conforto e o perdão. Faça com que este amor venha a se tornar uma mera falsa maldição. 

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