A vaquinha vai para Índia (Parte 1) Conto de mais um concurso perdido kkkkk
Na fazenda da vó Cláudia, que se chamava
“Fazenda Arco-íris”, todos os dias, depois daquele momento em que o sol está
bem em cima das nossas cabeças, queimando bastante, e que só embaixo de uma
árvore conseguimos respirar, Tita e Xanti iam juntas para a beira do lago,
brincavam e conversavam, em suas línguas “vaquês” e “cachorrês”.
Tita era uma graciosa vaquinha de dentinhos separados,
preta com manchinhas brancas, ou branca com manchinhas pretas (não ficou bem
definido para ela quando se viu no espelho). Xanti, uma cachorrinha S.R.D. bem
baixinha e redonda, que sempre dizia que elas eram irmãs porque tinham as
mesmas cores, apesar de tamanhos e modos tão diferentes.
A amizade das malhadinhas cresceu no pasto, enquanto a
vaquinha era criada para ser fornecedora de leite que os humanos um dia
beberiam (e diziam que seria uma campeã nisso). Ao seu lado por vezes o irmão
Fofão pastava quieto e pensativo, sempre observando os caminhões que passavam
ao longe com grandes caixas cheias de “Fofões”.
Aqueles dias alegres e ensolarados mudaram de repente, não
teve o sol forte, choveu muito, as árvores, que eram poucas naquela fazenda,
balançavam quase até cair. Um carro chegou trazendo uma menina, que saiu
chorando segurando um guarda-chuva vermelho que se abria todo. Desprotegida,
sob a chuva, Tita olhava a família que descia do carro rumo a casa da senhora
alta e magra, com semblante de fada madrinha,
vó Cláudia, e por um segundo os olhares de Julia e Tita se cruzaram.
Julia chegou à fazenda para passar uns dias, já que na
cidade grande, e pelo mundo todo que ela sabia existir, um vírus muito perigoso
estava deixando milhares de pessoas doentes, que não podiam estudar ou
trabalhar, abraçar ou brincar de pega-pega.
A mãe de Julia trabalhava demais, não podia deixar a filha
sozinha, e decidiu com o marido que ia deixá-la na fazenda, aos cuidados dos
avós e da tia, para sua segurança, já que eram amorosos e responsáveis. Julia
não parava de chorar, não queria ficar longe da mãe e dos amiguinhos da escola
e condomínio. Mesmo com todo carinho da vó, que tentava acalmar a neta dizendo
sempre com voz alta e calma “Que tudo passaria logo”, assim como a tempestade
que fazia tanto barulho lá fora, Julia não largava seu celular, gritava ao se
jogar no sofá; “aqui não tem nem internet!”
No mesmo momento, com toda a tempestade lá fora, Tita e os
outros animais da fazenda tentavam se esconder de alguma forma daquela chuva,
com muito medo dos trovões, sem saber aonde ir, alguns latiam, outros se
encolhiam, Fofão pensava.
Na manhã seguinte, ainda garoava, o que não assustava mais
os animais, que já estavam à procura de alimento na fazenda. A comida era
colocada por Juninho e tia Linda, ele era mais velho que Julia, estudava numa
escola rural, que também tinha fechado por causa do perigo da pandemia. Ali
perto da casa só viviam alguns animais também, alguns que iam para mesa vez ou
outra, além de gatos e doguinhos.
Galinhas, eram muitas! Faziam tanta festa quando viam tia Linda jogando milho
no quintal, dava para ouvir lá do curral em que os irmãos bovinos ficavam até
sair para o pasto. Mas naquela manhã, Tita não estava lá.
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