Não serviria outra poesia
Procurei nos versos de Pessoa alento para dor
Que só os meus pensados são pouco desse amor
Falando das ridículas cartas, senti, não adiantou
É de lembrar que esqueci de escrever: Ele amou?
Queridas ironias, não servem nada para expor
Deixei os versos mais bonitos para a lua cheia
O tempo passou, agora já não têm mais valor
Estava sob minhas camadas, parecia extinta
Quis entender os porquês das promessas macias
Que num sopro de flauta ficaram frias, etéreas
Esse vazio de mensagens sem respostas: tortura
O peso do que fica atrás do silêncio, as angústias
Deixei de beijar seus olhos e ouvidos
Descuidei de estudar os seus livros
Antes preenchida de sabe lá o quê,,,
Fiz uma arriscada jogada sem querer
Abri uma porta, você partiu ou escaparia?
Chorei depois de não mais me reconhecer
Porque era ali que eu era o que queria ser
Nos braços que deixaram de abraçar
Ou talvez nunca estiveram a me rodear
Amanhã, depois, outro dia...
Imersa na eternidade desse "passa logo"
Sem um sinal, onde esfriou o calor dos corpos?
Subimos e descemos juntos
Achava que era sua companhia
Pois acreditei no amor de novo, por você um dia
Agora nem Pessoa, nem as estrelas me acalmam
Bebo lentamente o veneno que botei no copo
Mas de doces e saudosos beijos, criei o amargo
De repente a chuva não faz feliz
Nem as músicas podem ser ouvidas
Tornei -me uma flor seca em sua mesa
Coloriu algum dia suas melodias ?
Creio que para ser amor, ninguém desista
E nas penosas tentativas, sou recusada todo dia
Para onde foram o cuidado e empatia?
Tudo culpa minha!
Sabia que era arriscado, fingi que não via
Nada abranda a vida que já parece perdida
Mas o que foi, é ou será, ainda saberei
Ainda que o amor que sinto me engane
Pois eu sempre soube, sei, escreverei
Das dores que eu tentei não sentir e aceitei
De tudo que eu previ e pela paz entreguei.
Talvez, mas só talvez, para sempre te amarei.
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