De mim

 As minhas verdades são anacrônicas por simples constatação. Repito-me em anos e não vejo a essência menos imagética. 

Talvez por provar a mim mesma que vale o esforço de se dar sem receber, continuo a criar das cinzas dos ontens tantos sentimentos para repartir. E de mim que sou nada na fração infinita do tempo, ficam soltas nas palavras todas as marcas de insistentes e previstos desprezos.

Não perco! Ainda que não vejam, porque sei tudo que carrego e da beleza dos meus beijos. E sempre voltam folhas secas que murcharam em meus jardins criados, por outros não regados.

Agora, amadurecendo tardiamente a consciência da incólume grandeza do que já cultivei aqui dentro, de.mim tiro a vitalidade para negar que tenha cometido, em meio tanto amor, algum erro.

Perdem os que sem nome ficaram ou morreram nos dias passados, ganho a luz da minha renascença. 

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