Mudança de calendário parte III
As janelas de todos os prédios parecem estar se abrindo ao mesmo tempo. Tenho certa disposição para um banho mais demorado e para mandar mensagens para meus pais. Ainda consigo enxergar as letras pequenas, com certa dificuldade desde alguns meses atrás, mas fico sabendo que apesar de poucas esperanças ainda existe vida.
Quero tomar algo alcoólico, nada tenho à mão. A não ser o último cigarro . Percebo que não há mais saída além de uma saída.
Sem tanta preguiça pego uma camiseta em meio à montanha formada aos meus pés. Uma canção vem à mente e não traz sorrisos: "Todo adulto tem inveja dos mais jovens..."
Queria saber se já posso ir aos lugares dos quais nem mais lembro o nome, se as ruas estão vazias, se os mortos-vivos já fazem parte de um cenário apocalíptico ao qual eu possa assistir daqui mesmo, pela janela, com meus olhos cansados e pedintes desse chão de carnificina.
Posso tentar ser mais otimista, já que certos tons de cores voltaram a fazer parte daquilo que antes era só escuridão. Posso?
Mas, vamos lá, a água não esquentou!
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