Soneto da falsa empatia

Se chorei ou se morri, o importante é que vi
Eu vi um mundo de espantos e desencantos
Se choveu ou fugi do sol surdo na pele que feri
Eu vi todo os esforços deixados nos cantos

Se cortei os pulsos ou bem quis, eu só engoli
Eu vi comprimidos descerem como santos 
Se alguém já leu ou disseram "lindo", escrevi
Eu vi uma rua vazia, apertei o pé, em prantos

Viam e diziam que voa já o negro pássaro
Riam, talvez invalidavam a ânsia pela morte 
Viam e concluíam em mim um ser avaro 

Riam a bradar que eu era cheia de sorte e forte
Viam e fugiam de "ferramentar" o meu reparo
Riam, ao julgar, tacitamente, cérceo meu corte


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