Meu lar, onde (por horas) não queria estar

Os móveis sobrepostos e já sem cor escondem as fotos
Na casa cheia de bichos e pessoas mortas em que vivo 
Às vezes me prendo em um cômodo e não há tempo lá 
Horas se passam em que não sei se estou viva ou fugi
Minha casa tem bagunça e tais ordens vãs que infrinjo 
Aos que nela tentam habitar, metaforica e inutilmente
Esses pisos que guardam cálculos, já não memorizam  
Palavras difíceis, raras, não emergem como tinta fresca
As janelas que deixavam ar fresco correr, trancaram-se
Ou as tranquei? Talvez nas noites em que mortos riam.
Tentei queimar a casa, engoli chamas, joguei a chave!
Ali ela estava, apenas mais rota, com mesmos tapetes
Moro nela, sem opção, não a limpo, amontoei livros
Mas não abro muitas páginas recentemente, rasgo-as
Filosofias garantem que os alicerces se fortificam ...
Mesmo morando nela, sei na prática que estando velha
Essa casa, comigo ou sem migo, sólida o vento leva.


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