Nao é crônica

Infelizmente, o que relatarei aqui não é ficção.
Tal qual num clichê de filmes enlatados, eu me transformei na caricatura da viúva solitária, aposentada, amargurada, que cuida de vários gatos. O tempo e dedicação aos gatos seriam,  numa outra realidade, muito bem dedicados aos filhos, talvez netos que já poderiam ter tido caso as escolhas e vicissitudes não tivessem caminhado para esta sala. 
Depois de alguns dias sem dormir, já não estava muito capaz de discernir dor de condição crônica da minha vida. Então, o estouro me acordou, uma fumaça "festiva" entrou pela janela e deixou real o susto. 
Jogaram uma bomba, com um barulho horrível, no meu portão. Além de um bilhete de ameaça aos gatos. Eu me questiono, que mal os gatos teriam feito a alguém? 
Eu até duvidaria desse acontecimento se não tivesse frente ao bilhete. 
Nenhuma ajuda, nada de solidariedade. Por que eu preciso disso ainda? 
A vida não dá trégua!
Um amigo improvável me ouvia, só que numa ironia infeliz, ele não podia de forma alguma estar fisicamente presente, sendo a única pessoa que naquele momento estaria disponível para tal substancial ajuda. 
Eu dormi, do escuro ao escuro. Pelos me cobrem e o único amor a que tenho acesso põe as patinhas no meu rosto. 

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