Soneto de Camões

Passo por meus trabalhos tão isento
De sentimento, grande nem pequeno,
Que, só pela vontade com que peno,
Me fica Amor devendo mais tormento.

Mas vai-me Amor matando tanto a tento,
Temparando a triaga co veneno,
Que do penar a ordem desordeno,
Porque não mo consente o sofrimento.

Porém, se esta fineza o Amor sente,
E pagar-me meu mal com mal pretende,
Torna-me com prazer como ao sol neve.

Mas se me vê cos males tão contente,
Faz-se avaro da pena, porque entende
Que, quanto mais me paga, mais me deve

Comentários

  1. Que, quanto mais me paga, mais me deve.

    odeio quando isso 'está acontecendo comigo'.

    ;)

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  2. texto carregado de emoções e
    na forma seguindo o texto de Camões.
    Dentro do contexto e é muito bom!
    Abraços

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