A mais bela canção (fragmentos de uma obra em fase de produção)

A primeira coisa que penso antes de dormir é a primeira porta que abrirei para entrar no mundo surreal dos sonhos, idealizados com presença de alma e onde quem manda é o coração.
Esta porta é branca, quando a abro uma luz clara e calmante me invade, te vejo sentado numa poltrona branca, rodeado da luz que sua própria essência emana. Abro a porta, a alma inebriada... Em suas mãos está ele, dono de seus lindos olhos azuis,um violão, gritando uma melodia inexistente que seria capaz de chamar os anjos. Caminho em sua direção com um papel em mãos, neste papel que acabo de olhar, estão versos simétricos, reconheço minha letra, dou um sorriso e já começo a entender esta alucinação. Você ao perceber minha presença, fecha os olhos e interrompe sua canção como se já soubesse o que faríamos ali. Sento-me aos seus pés, encosto minha cabeça em suas pernas, tenho o corpo quente e a mente fervilhante, entre os pensamentos reais e aqueles que me consomem toda imaginação, não quero mais nada do que tenho neste momento.
Entrego-te o papel que já está um pouco amassado, sua pele toca suavemente a minha mão, é veludo puro, já escondendo marcas que o tempo supostamente imprimiriam-lhe ali. Você o papel e fecha os olhos, as notas do violão retornam e sem tempo de associar letra e música, acontece um som extasiante e de sua boca as palavras que eu havia escrito começam a se transformar em tudo o que eu imaginara...
Em alguma parte da leitura você pára, ri e me pergunta:O que diz esta parte? A tradução ainda imperfeita me traz para realidade, mas isso ainda é sonho e facilmente pode ser superado, com um sorriso quase comovente, você risca o papel e diz já entender o que eu queria dizer, pois nossas mentes caminham juntas. Inexplicavelmente duas vidas são uma, e delas nasce a mais perfeita canção já feita no mundo, mas ainda num mundo infinitamente maior que o meu e o seu, o mundo dos sonhos, matéria pura de poesia, razão da minha existência, tudo ainda espera.

Comentários

  1. as vezes passamos a vida inteira procurando um momento como esse : uma conecção que não precise de palavras, apenas um gesto.
    muito bonito, cris!
    Saludos pra ti,
    Anita Mendes.

    ResponderExcluir
  2. O gesto de entrega representado pelo papel possibilita leituras incríveis. Belo fragmento, Cristiane. Continue. Beijo.

    Tem um poema que a Hercilia fez pra mim no blog dela. http://fernandeshercilia.blogspot.com/

    ResponderExcluir
  3. Hola, Cristiane!
    Un placer hallarte por aquí. Ojalá se puedan traducir tus textos al español y así degustar más de la calidad y fuerza de tus palabras.
    Nos leemos.

    Saludos...

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas