Mais uma crônica de domingo
Tornou-se comum, que nos finais de domingos, estou sempre inclinada à melancolia resultante dos idiossincráticos excessos.
Faço mais do mesmo. Sempre intenso, denso, efêmero. Dos desejos que banham as sextas e vêm etilizados até o declínio do sol dominical, faço um resumo e ali, daquele tempo que voa, sobram algumas palavras que trago para cá.
Choro, declaro-me para o mundo, esqueço dos limites, deixo livre o corpo, soltos os desejos. Nas telas têm os dias ansiados se mostrando em letras deslizando pela ampulheta. Gatos deitados no famoso sofá novo me dão certa paz que têm trilha sonora de um misterioso silêncio.
Desliguei tudo, ainda tem um filme que passa dentro da minha mente. Dos especiais abraços, um gosto doce, das conversas regadas pelo rolar dos dados, das tintas e mudanças, de mim e o do meu espaço, eu recolho a dopamina. Parece que sempre há uma espera, e erroneamente vejo que estou morrendo.
Julgar meus desatinos como erros é pura hipocrisia, ao insistir no que denomino falha há muita recorrência, portanto não é mais algo de que tenha direito ao arrependimento, são escolhas autodestrutivas ou prazer disfarçado de tormento.
A noite já se fez dona da atenção, lá fora sei que há uma lua linda, mas não irei contemplá-la. Permito-me as saudades sem reforço da luz que hoje não é muito para "iluminamentos".
Disse mais um adeus, despedidas que não se comparam jamais aos antigos e indubitáveis desaparecimentos. O que foi enterrado, derretido, perdido ou quebrado, deveria estar apenas nas páginas, que sim, fazem parte de algo que ainda pode ser melhor orquestrado.
A música cantada na madrugada, a voz que acompanhou o som do passado, fez a voz ir um pouco para longe. Enfim, curti a madrugada.
Vou fazer de conta que há alguém aqui dentro.
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