Por trás daquela porta

Num quarto todo branco, do chão ao teto, recolho meu orgulho e sou feita da mesma tinta.
Deito e não descanso, se sonho, confundo o onírico com a última pílula engolida, parece que não sonho.
A luminosidade nunca se desfaz, em primeiro plano os desejos.
Mas e a imensidão do universo? Qual a relevância do meu sofrimento? Criaram mentes, projetaram gente, existe então um ser superior e onisciente?
Perdida no chão frio dessa ilusão em que o corpo insignificante escolhe memórias, jogo uma pedra num lago de gelo, pois não é uma memória minha.
No subsolo da existente sociedade de ditames de empoderamento, suponho uma quase existência. Sou estranha, morrer me deu várias vidas, e não cabe a mim escolher qual delas viver.
Ainda no alvo inferno, pergunto como será não estar presente no cenário. Respondo-me que logo saberei.
Penso num calor de abraço, em suor, beijos e cansaço.
Hoje sou muito mais egoísta que antes.
Quero  minha cor no meu mundo branco.


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