Em que adjetivo você se leu?

 O que te faz se ler e se ver refletido em um "você" que eu escrevo?

São adjetivos que te servem, o momento ido, algum lamento meu?

Ou ter vivido minha palavra, implicitamente te seduzi, talvez feri?

Não tenho a habilidade de ser impessoal de modo geral, há relevo

Já tentei redigir belas pedras que cruzassem  quaisquer caminhos 

Universalizar dor ou esperança, despersonalizar cartas redigidas

Até quando invento, eu me recrio no novo personagem, um eco 

Provavelmente, se te vi ontem, se te bebi hoje, se me fez até feliz

Escrever-te ei num fluxo, darei a sua insignificância belas figuras

Importância que se perderá na próxima esquina, aqui é metáfora!

Quem sabe eu seja a única pessoa que vai te poetizar num drama 

Um arrogante terá fria idiossincrasia, porém preciso lhes alertar:

Todos os "vocês" são iguais, idênticas referências, falsa relevância

Manipular tantas frases, chorar suas ofensas, rimar seus defeitos...

Isso faz parte só do estilo, inspirações, uso os ontens para palco

Obviamente, poderia usar a meu favor esse poder da genialidade 

Mas continuo humanamente falha, e pior, sempre desequilibrada 

Não excluo os ignominiosos de terem momentos de glória escrita 

Contudo, pela pouca capacidade cognitiva das segundas pessoas 

Poucas delas veriam que aqui, num texto, tiveram tal notoriedade

Uso muitas palavras repetidas, até na paz costumo pintar guerra

Se me conheces, pode pensar que estou fingindo ter essa apatia

Solitária na casa tão fria, amando bem poucos, errando muito...

Apaixono-me seguidamente, todos eles e elas estão nas linhas 

Mas, opa! Estou numa fase inédita, sem terceiros no meu lápis

Não tem um "TU" aqui para ler indiretas ou declarações de amor

Evoluindo para mais uma transparência, pari uma nova coragem

Além de colecionar meus erros e decepções as tornarei impressos

Sem me esconder do meu talento, continuo aos poucos morrendo

Poderia ser sorte quem já esteve em mim e me suscitou a "lexicar"

Pacientemente ando por minha casa, minha mente, minha alma

Devetia usar toda minha capacidade para "te" ou "vos" confundir 

E ao mesmo tempo sem intenção de fazê-lo, você não me importa!

Lembrem-se de que nunca neguei sustentar meu vil egocentrismo 

Não sou feliz, não tenho paz, não soou amada, a luz está escassa

Sou, portanto, todo meu escopo, cenas escritas para o meu teatro

Duvide, então se estás aqui, ou que já esteve, todos foram iguais:

Capazes de conquistar de mim algumas páginas, versos, poemas.

Sigo a produção, sem ter antagonista digno de toda minha obra.



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