Nada poética boneca velha de vidro

 De qual matéria  é feita a maldade ?

Palavras que ferem quando não ditas 

Ordenam-me ser silêncio para dar apatia

Não faço um poema aqui nem tenho ideias 

Corre nas veias um amargo resto de metal 

Por que tudo que sei não faz mais diferença ?

Não concebo o que faz tão cruel o coração de tantos a quem quero só beijos

Queimo  a cada desprezo, mas afinal, eu peço gritando o tempo inteiro, minha voz incomoda os ouvidos de quem só quer mentiras 

Corto sua fala, eles cortam o brilho dos meus olhos, não me deixam terminar a cantoria 

Vai fevereiro ao som de esperanças mortas!

Dançam sobre meus restos, livro lido pela metade e destinado a ser combustivel na fogueira de suas festas 

Uma dor dividida como se fosse um filme, assistido às pressas ... desligado ao meio, minha morte e meu desespero não causam empatia 

Diversão subterfugiada por falsos elogios, experiência antropológica à luz do dia

Não interessa que minha lágrima seja ácido sobre meu rosto, meu choro incomoda, perco a graça, viro mesa de centro incomodando na sala

Enfeite que cansou os olhos de quem tem mais facilidade de se conformar com vazios diários cobertos pelo poder do consumo 

Ainda assim, sou grata, pelo tempo que escolheram "gastar" na minha presença, nem toda minha capacidade de amar, escrever e lembrar são suficientes para que eu seja o presente em si. 

Uso ou sou usada? Sei muito bem em cada pedra que piso. Finjo bem, muito bem, que sou inocente suficiente para esperar uma inespera facada 

Escolhi a dor de experimentar até o mais venenoso sorriso. Para ter as emoções mais verdadeiras, assumo os previsíveis riscos. 

Mas não venha dizer que enxergou meu valor quando eu já não estiver  disponível, escolho sofrer e também finalizo

Sei fechar portas, pegar outros trens, viver apenas comigo. 


Comentários

Postagens mais visitadas