07h07min
Preciso que meus pés, de quem é de terra, de virgem pelo sol, sintam o ar
Apenas os enterro, mesmo ao ouvir a sinfonia de Bach, que me levará
Espero que pelos ventos minha alma se espalhe através desse som divino
Ainda que os pés cavem sob minha vida os abismos em que imerge o Sol
De antes as dores tinhas notas confusas, agora reverberam aquela nota G
Nunca toquei um violão, meus dedos jamais dedilharam pianos, ouço só
Não quero eternidade, temo-a, assim como evito a morte dos meus reis
Absoluta no meu cenário imutável de fatos trágicos, inconquistável luz
Soterro os calcanhares amanhã, ou depois, os dias passam fugazes assim
Evito que as nuvens filmem no vão das folhas da árvore que contemplo
Rápida é a corrida para quem está nas pistas verossímeis, não nos poços
Fundos ou rasos, apelando pelo passar dos ponteiros, negligentes, rudes
Fora-se minha juventude, meus filhos que não nasceram, as conquistas
Folhas secas ao invés de jardins, existe certa beleza na melancolia crua
E para quem julga febril, a bolha dos depressivos, siga assim batendo
Um dia vai, a noite vai, fecho e abro os olhos em ritmos anacrônicos
Apenas deixo de cultivar semente juvenil e planto o corpo na terra dele.
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