O eterno ser que só será

Dos atos que ficam segundos atrás de nós restam apenas as verdades que assumiremos, com ou sem esclarecimento total de um cenário abrangente.
Os jovens, ganham no estrada mais longa de erros a ser percorrida, os velhos já não veem o ponto de partida para analisar em que obstáculos exatamente deixaram suas falhas causarem as feridas.
Um jovem enxerga no velho a sabedoria que talvez ele jamais tivera, ignora sua dor, revela o desprezo por suas máculas. 
Insistir em ensinar no momento faz parte o aprendizado que só vem depois de muitos e, talvez, sofridos, rompimentos. 
O ego do relógio novo é a pilha ainda potente, horas a perder de vista, beleza e brilho, descobertas divididas em grupos hipoteticamente coesos. 
Mas todo velho sabe, viveu o que essa arrogante sabedoria propicia, ela faz ser quem somos. A soma de todos acertos e erros, do que depois de tempo ecoa em nossos ouvidos e faz tanto sentido. 
A liberdade é fria e o passarinho precisa de coragem, apesar de ter o céu para ele. 
Pisamos nos dias, enterramos as noites, as lágrimas que descem e secamos antes de dormir ficam no etéreo como ficam nossas imagens depois da morte. 
Sempre haverá a juventude inquieta e a velhice atormentada. Ambas donas de suas verdades e antagonismos, maldades e generosidades. Infelizmente, o entendimento entre elas jamais será recíproco. 
O jovem se encontrará muito tarde com o sábio velho que será. Vai desprezá-lo ou sentir sua falta. Mas não poderá mais reconhecer suas verdades. Sendo, e se a morte não engolir o ser que está enquanto jovem, um dia seu ontem será uma saudade eterna de dores infinitas.

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